Lipedema
Conheça os sintomas, as causas e a progressão desta doença crónica. Saiba ainda como alcançar um diagnóstico e um tratamento adequado.
Conheça tudo sobre o tratamento para esta doença.
Que doença é o Lipedema?
Lipedema é a designação de uma doença crónica, genética e que atinge exclusivamente as mulheres. Caracteriza-se por uma acumulação desproporcional de gordura nos membros, afetando sobretudo as pernas mas podendo, em 30% dos casos, abranger também os braços.
Tão frequente quanto negligenciada, acredita-se que a sua prevalência entre as mulheres é de cerca de 10%, apesar de ainda ser uma doença muito subdiagnosticada.
De facto, embora só mais recentemente se comece a ouvir falar de Lipedema em Portugal, esta doença está descrita desde 1940.
Casos de Lipedema – Antes e Depois


Lipedema: sintomas da doença
Para além da acumulação de gordura nos membros, esta doença manifesta-se através de:
- sensação de peso e cansaço nos membros;
- hipersensibilidade ao toque (em certos casos, uma roupa mais justa já causa incómodo);
- dor;
- ocorrência de nódoas negras frequentes;
- desproporção entre o tronco e os membros (as pacientes relatam a dificuldade em perder volume,
especificamente, nos membros).
Para um diagnóstico de Lipedema
O diagnóstico do Lipedema é essencialmente clínico: não existe um teste específico, análises ou qualquer exame de imagem que possam ser feitos para confirmar a doença.
Desta forma, é durante a consulta, mediante a história da paciente e as queixas relatadas, bem como por aquilo que o médico avalia (designadamente através de exame físico, como a palpação) que o diagnóstico de Lipedema pode ser confirmado. Para tal, têm naturalmente de ser excluídas outras causas, como a doença venosa ou o linfedema.
Tanto a Dra. Joana de Carvalho como o Prof. Doutor Sérgio Sampaio, cirurgiões vasculares, diferenciados em Lipedema em Portugal, e por conseguinte, familiarizados com as manifestações e tratamento da doença, reúnem todo o conhecimento e experiência necessários para poder fazer um diagnóstico rigoroso.
Com efeito, o cirurgião vascular será o profissional que se encontra em melhores condições para poder fazer um diagnóstico, até na medida em que é habitualmente procurado por pacientes que, exprimindo queixas que atribuem à má circulação, sofrem, na verdade, de Lipedema.
As causas do Lipedema
Não estão ainda estudadas as causas que levam ao aparecimento do Lipedema. Crê-se que a etiologia é multifatorial, ou seja, decorre da conjugação de vários fatores, como sejam:
– o fator hereditário – haverá uma preponderância da carga genética e, por isso, se relata com tanta frequência a existência de outros casos numa mesma família.
– o fator hormonal – estabelece-se uma associação entre o Lipedema e o ambiente hormonal feminino, pois acredita-se que os grandes picos hormonais da mulher estão diretamente relacionados com o aparecimento ou com o agravamento desta doença, sejam eles:
- a menarca (com a puberdade);
- o início da toma da pílula;
- as gravidezes;
- as alterações na contraceção hormonal;
- a menopausa.
– na medida em que o Lipedema se traduz numa gordura inflamada, pensa-se que a doença pode representar uma resposta inflamatória crónica de baixo grau, na tentativa de o organismo se defender de alguns agressores ambientais (alimentação).
Diferentes tipos de lipedema
Existem vários tipos da doença, definidos em função da localização onde se pode manifestar:
- Tipo I: Pélvis, glúteos e anca;
- Tipo II: Glúteos até os joelhos com presença de tecido adiposo na parte lateral e inferior dos joelhos;
- Tipo III: Glúteos até tornozelos;
- Tipo IV: Braços;
- Tipo V: Perna inferior.
Estágios do lipedema
Os estágios prendem-se com a quantidade de nódulos de gordura, com a severidade e evolução da doença. Esta evolução tende a dar-se, sobretudo, em correlação com a obesidade. Nos casos mais graves, pode provocar alterações articulares e consequente impossibilidade de caminhar.
- Estágio I: a pele é lisa/suave, apresentando dor leve e hematomas menos frequentes; o inchaço aumenta durante o dia e pode diminuir com o descanso e a elevação dos membros; a drenagem linfática apresenta grandes resultados; responde bem ao tratamento.
- Estágio II: a pele tem marcas de “celulite”; presença de dor e hematomas mais frequentes; o edema aumenta durante o dia, com melhoria parcial após repouso e elevação dos membros; pode responder bem ao tratamento.
- Estágio III: o tecido conetivo está endurecido; presença de dor, alterações posturais e edema presente e persistente; grandes áreas de gordura que se sobrepõem; menos responsivo a algumas modalidades de tratamento.
- Estágio IV: fibroesclerose, possivelmente com associação ao Linfedema; edema consistente presente; todos os sintomas aumentados além de alterações incapacitantes na qualidade de vida; grandes áreas de gordura que se sobrepõem; também conhecido como Lipo-linfedema; menos responsivo a algumas modalidades de tratamento.
Lipedema: como tratar?
Lipedema: tratamento conservador
A modificação alimentar, com o apoio da Nutrição, e o exercício físico são os principais pilares do tratamento conservador.
Sendo certo que o tratamento tem de ser devidamente orientado e personalizado, para quem sofre desta doença está recomendada uma dieta anti-inflamatória (sem glúten, laticínios, fritos ou álcool).
Como o excesso de peso agrava o lipedema, se houver obesidade associada, tem de se tratar necessariamente esse excesso de peso.
Relativamente à prática de exercício físico, estão indicados exercícios de moderada intensidade, sem impacto para não agravar a inflamação. Os benefícios traduzem-se no desenvolvimento da massa muscular e na ativação da circulação. Há alguns exercícios particularmente vantajosos como aqueles realizados na água, pelo efeito da pressão hidrostática, que não sobrecarrega as articulações: hidroginástica, aqua cicling, entre outros.
Também no tratamento do Lipedema, a fisioterapia dermatofuncional tem um papel crucial, atuando em dois momentos distintos: no tratamento conservador e no tratamento cirúrgico. Os objetivos terapêuticos do tratamento conservador (ou preparatório para a cirurgia) devem ser direcionados para:
- a redução da dor;
- a melhoria da mobilidade da pele;
- a gestão das alterações associadas a celulite (FEG) e obesidade;
- a prevenção de problemas articulatórios secundários;
- a minimização do impacto na capacidade de desenvolver atividades;
- a melhoria da aparência dos membros;
- a promoção do autocuidado.
O tratamento conservador poderá não se traduzir numa redução expressiva da circunferência dos membros, mas reduz substancialmente a dor, a inflamação, a sensação de tensão e o desconforto associados a esta doença, resultando numa efetiva melhoria da qualidade de vida. Este tratamento é de extrema importância, até para otimizar os eventuais resultados cirúrgicos, caso se avance para essa etapa.
Lipedema: tratamento cirúrgico
Lipoaspiração
Depois de bem instalado o tratamento conservador, caso a resposta não seja a esperada, deve ponderar-se o tratamento cirúrgico.
A lipoaspiração no Lipedema destina-se a eliminar os depósitos de gordura resistentes ao tratamento conservador, estando associada a diminuição das queixas de dor e sensação de peso, bem como diminuição do volume e melhoria da qualidade de vida. A Water-Assisted Liposuction (WAL) é o procedimento de eleição, por ser o menos agressivo para a circulação linfática.
Outra técnica aplicável é a lipoaspiração tumescente, na qual um grande volume de líquido é injetado nas pernas previamente à aspiração de gordura para evitar lesão do sistema linfático.
A lipoaspiração vai permitir diminuir a necessidade de tratamento conservador mas nunca eliminá-la.
Cirurgia Redutora
Nos estádios avançados da doença, quando os depósitos de gordura estão já associados a fibrose importante, a lipoaspiração isoladamente não será suficiente. Nesses casos está indicada a cirurgia aberta (dermatofibrolipectomia) para redução do volume do membro.
Nota dos autores
Estes textos visam uma divulgação generalista. Procurou usar-se linguagem adequada à informação do público em geral. Pretende-se, ainda assim, que as noções apresentadas sejam as mais corretas à luz do conhecimento científico atual, embora de modo claro, mesmo para o leitor sem formação nesta área.
Biografia dos nossos Médicos de Cirurgia Vascular
Dra. Joana de Carvalho
Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular
Licenciada em Medicina e Cirurgia iniciou a formação específica em Angiologia e Cirurgia Vascular em 2005, no Hospital de S. João. Obteve o grau de especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, submetendo-se, posteriormente, ao exame de certificação europeu, obtendo o título de Fellow of the European Board of Vascular Surgery. Realizou o curso Master em Fleboestética e fez certificação na técnica CLaCS (Cryo-Laser & Cryo-sclerotherapy), ambas no Brasil. Mantém presença assídua em revistas com artigos temáticos na área da cirurgia vascular, bem como em programas de televisão onde aborda o problema do crescimento das varizes e explora as soluções para o tratamento de derrames e varizes.
Professor Dr. Sérgio Sampaio
Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular
Licenciado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Fellow of the European Board of Vascular Surgery e membro de várias sociedades científicas, tais como Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardio-torácica e Vascular, European Society for Vascular Surgery e Mayo Clinic Alumni Association. Dá aulas como Professor Auxiliar Convidado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Assume desde 2009 a coordenação da equipa de Cirurgia Vascular do Hospital Privado da Boa Nova e inicia funções como delegado nacional em representação da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular.
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